sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cavaco Silva diz que fenómeno deve «envergonhar todos»

O Presidente da República, Cavaco Silva, reafirmou hoje o seu empenhamento na luta contra a violência doméstica, apelando a todos os portugueses para que denunciem estes casos «que devem envergonhar todos».

«O silêncio significa cumplicidade, não pode haver tolerância com os agressores», afirmou Cavaco Silva na cerimónia de lançamento da segunda fase do projecto 'Por uma vida nova', desenvolvido pela Associação para o Desenvolvimento de Figueira (ADF), que hoje foi alargado a 13 concelhos do país.

«Não vou largar este problema, vou continuar a insistir», assegurou o Presidente da República, para quem a violência doméstica é «um fenómeno que deve envergonhar todos».

Em Figueira, a mais pequena freguesia do concelho de Penafiel, o Chefe de Estado recordou ter proposto um «compromisso cívico» contra a violência doméstica e ter alertado para o problema no Roteiro para a Inclusão, frisando ter «profunda vergonha» pelo elevado número de casos registados no país.

Para o presidente da República, a luta contra este fenómeno tem que ser feita de «forma integrada», começando pela prevenção e pela sensibilização da população, passando pelo apoio à vítima, ajudando-a a libertar-se do agressor, e finalizando com o apoio para que possa iniciar uma nova vida.

«Isto não é fácil porque muitas vezes a vítima foi despojada de tudo, até da sua dignidade e auto-estima», salientou. Numa intervenção muito emotiva, Cavaco Silva recordou as cartas que recebe no Palácio de Belém, frisando que o deixam «profundamente impressionado».

«As pessoas não fazem ideia do que foram os abusos a que algumas mulheres estiveram sujeitas até terem a coragem de denunciar a situação e abandonar o agressor», afirmou.

Este problema social foi também abordado por António Lobo Xavier, presidente da Mesa da Assembleia Geral da ADF, que pediu a Cavaco Silva «uma palavra de ânimo para esta luta esquecida, que é tratada na vida moderna como uma causa menor».

Lobo Xavier elogiou a acção que tem sido desenvolvida pela ADF, frisando que ela demonstra que este tema «não é apenas uma causa das cidades e do poder central».

«Esta associação tem dado provas cabais de que também no país ignorado se luta pelas causas mais vanguardistas em termos sociais», frisou.

A cerimónia hoje presidida por Cavaco Silva assinalou o início da segunda fase do projecto de luta contra a violência doméstica que a ADF desenvolve há dois anos.

A experiência recolhida neste período vai ser, a partir de hoje, transmitida a 13 concelhos de todo o país, incluindo as regiões autónomas, de forma a poder ser alargada ao restante território nacional.

O projecto, que visa a inclusão sócio-profissional das vítimas de violência doméstica, consta de um guia metodológico hoje entregue a representantes dos concelhos do Funchal, Barcelos, Ponta Delgada, Amarante, Cabeceiras de Basto, Marco de Canaveses, Felgueiras, Paços de Ferreira, Celorico de Basto, Fronteira, Castelo de Paiva, Valongo e Lousada.

Lusa/SOL

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto desta iniciativa.
Boa sorte com o vosso trabalho!