«O silêncio significa cumplicidade, não pode haver tolerância com os agressores», afirmou Cavaco Silva na cerimónia de lançamento da segunda fase do projecto 'Por uma vida nova', desenvolvido pela Associação para o Desenvolvimento de Figueira (ADF), que hoje foi alargado a 13 concelhos do país.
«Não vou largar este problema, vou continuar a insistir», assegurou o Presidente da República, para quem a violência doméstica é «um fenómeno que deve envergonhar todos».
Em Figueira, a mais pequena freguesia do concelho de Penafiel, o Chefe de Estado recordou ter proposto um «compromisso cívico» contra a violência doméstica e ter alertado para o problema no Roteiro para a Inclusão, frisando ter «profunda vergonha» pelo elevado número de casos registados no país.
Para o presidente da República, a luta contra este fenómeno tem que ser feita de «forma integrada», começando pela prevenção e pela sensibilização da população, passando pelo apoio à vítima, ajudando-a a libertar-se do agressor, e finalizando com o apoio para que possa iniciar uma nova vida.
«Isto não é fácil porque muitas vezes a vítima foi despojada de tudo, até da sua dignidade e auto-estima», salientou. Numa intervenção muito emotiva, Cavaco Silva recordou as cartas que recebe no Palácio de Belém, frisando que o deixam «profundamente impressionado».
«As pessoas não fazem ideia do que foram os abusos a que algumas mulheres estiveram sujeitas até terem a coragem de denunciar a situação e abandonar o agressor», afirmou.
Este problema social foi também abordado por António Lobo Xavier, presidente da Mesa da Assembleia Geral da ADF, que pediu a Cavaco Silva «uma palavra de ânimo para esta luta esquecida, que é tratada na vida moderna como uma causa menor».
Lobo Xavier elogiou a acção que tem sido desenvolvida pela ADF, frisando que ela demonstra que este tema «não é apenas uma causa das cidades e do poder central».
«Esta associação tem dado provas cabais de que também no país ignorado se luta pelas causas mais vanguardistas em termos sociais», frisou.
A cerimónia hoje presidida por Cavaco Silva assinalou o início da segunda fase do projecto de luta contra a violência doméstica que a ADF desenvolve há dois anos.
A experiência recolhida neste período vai ser, a partir de hoje, transmitida a 13 concelhos de todo o país, incluindo as regiões autónomas, de forma a poder ser alargada ao restante território nacional.
O projecto, que visa a inclusão sócio-profissional das vítimas de violência doméstica, consta de um guia metodológico hoje entregue a representantes dos concelhos do Funchal, Barcelos, Ponta Delgada, Amarante, Cabeceiras de Basto, Marco de Canaveses, Felgueiras, Paços de Ferreira, Celorico de Basto, Fronteira, Castelo de Paiva, Valongo e Lousada.
Lusa/SOL
1 comentário:
Gosto desta iniciativa.
Boa sorte com o vosso trabalho!
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